segunda-feira, 9 de maio de 2011

Escolas públicas têm merenda estragada e 

ratos na cozinha

Escolas públicas têm merenda estragada e ratos na cozinha
O Programa Fantástico exibiu
 no último domingo, 8 de maio,
uma reportagem sobre merenda
escolar. A equipe de
 jornalistas visitou mais de
50 escolas públicas – estaduais e
 municipais – de
 cinco estados:
São Paulo, Goiás,
 Rio Grande do Norte, Paraíba e Bahia.

Durante um mês jornalistas encontraram
na merenda escolar: comida estragada,
vencida, armazenada de qualquer jeito, intragável.
 Eles encontraram também muitas escolas
 que liberavam os alunos porque não tinham comida
 para oferecer. Essa falta de merenda escolar
provoca evasão natural de alunos.

Os problemas começam na cozinha.
 Em uma escola na cidade de Novo Gama,
 em Goiás, foram achados três gatos andando
de um lado para o outro no
 ambiente que se faz a merenda escolar.

Na cidade de Natal (RN), registrava 31ºC e uma
escola não tem água.
Em outro colégio com 400 alunos, a cozinha estava
completamente vazia e o fogão não é usado
 há muito tempo, nem as panelas. No depósito
foi encontrado milho vencido.

Em Itaparica, cidade turística baiana, foram a duas
 escolas municipais.
 Uma funcionária contou que quase não tem
 merenda e, naquele momento,
 só havia açúcar no estoque.
Desde o início do ano, a geladeira da escola
está vazia. Só tem água gelada.

Em São Bento do Tocantins, foi encontrado um sapo
ao lado da comida.
 Em Branquinha, Alagoas, não havia água potável
 no colégio e no armário da merenda, um foco de baratas.

Em Nazaré, Bahia, as refeições dos mais de quatro mil
alunos da cidade saem de uma cozinha da
prefeitura. Segundo uma funcionária, as crianças
comem biscoito de má qualidade por pressão do
fornecedor dos alimentos.

Na escola municipal de em Vera Cruz, cidade baiana
 de 37 mil habitantes, na Ilha de Itaparica, foram
encontradas embalagens de arroz dentro do prazo
 de validade em local inadequado. A merenda é
feita no mesmo local em que ficam o estoque e
o fogão e, bem ao lado, do banheiro.

Em uma escola municipal de Santa Teresinha, na Bahia,
a tubulação de esgoto passa pela cozinha. O charque
estava sem data de validade.
Entre os sacos de comida, muitas formigas.

Uma das explicações para tantos problemas nas
merendas é a corrupção.
 O Fantástico teve acesso, com exclusividade,
a depoimentos que, segundo o Ministério
 Público, ajudam a entender o caminho das fraudes.

Uma das empresas investigadas é a SP Alimentação.
O dono, Eloizo Durães, chegou a ser preso ano
passado, acusado de pagar propina a dois
vereadores de Limeira, interior paulista.
 Entre as 13 cidades atendidas
pela empresa, estão quatro capitais: São Paulo,
Recife, São Luís e João Pessoa.

O Fantástico foi a uma escola municipal de João Pessoa,
com cerca de 800 alunos.
A merenda do dia foi mungunzá, uma comida típica do nordeste,
 à base de milho e coco. Mas muitos alunos recusam
 o mungunzá da escola.
 Reclamam do gosto ruim. Parte da merenda vai para o lixo.

Em outra escola da capital da Paraíba, onde estudam cerca de 700
crianças, a equipe acompanhou a entrega da carne que a uma
 temperatura de 31ºC, era transportada em um veículo
não refrigerado.
A comida chega a ser colocada em cima do carro.

Na escola, neste dia, as crianças comem macarrão com carne.
 Muitas crianças reclamam da qualidade da merenda.
 Parte dela vai para o lixo.

Em janeiro, o Ministério Público recomendou à prefeitura que o contrato
com a SP Alimentação não fosse prorrogado. Mas isso não aconteceu. 

O Fantástico procurou o MEC. Em nome do ministério, falou
 o presidente do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação,
 Daniel Silva Balaban.
“Aqueles maus gestores são processados administrativamente,
 e, se for o caso,
criminalmente”, diz. Sobre a merenda terceirizada, ele afirma: “Nós não
 apoiamos a terceirização da merenda porque achamos que a merenda
 escolar deve ser realizada em cada município. Recurso do governo
 federal não pode ser utilizado para pagamento de terceirização”.

Das mais de 50 escolas que o Fantástico visitou, entre os
vários flagrantes de descaso, foi encontrada uma situação
 que é um resumo do que acontece
em muitos colégios públicos.

Uma escola estadual que fica em Águas Lindas de Goiás
tem quase 2,3 mil alunos e um apelido: Carandiru –
 referência ao famoso presídio paulista que
 já não existe mais.

O Ministério da Educação (MEC) determina o que deve ter
 no prato dos estudantes. A merenda precisa suprir,
no mínimo, 20% das necessidades nutricionais diárias e ter
pelo menos três porções de frutas e hortaliças
 por semana. Doces e alimentos enlatados, semiprontos e
 embutidos podem ser oferecidos, mas com moderação.
Exemplo de embutido é a salsicha,
 muito comum nos colégios por onde a equipe do Fantástico passou.

Este ano, o Ministério da Educação vai repassar mais de R$ 3 bilhões
a governos estaduais e prefeituras para a compra de merenda.
 O objetivo é beneficiar 45 milhões de estudantes. A
 Controladoria-Geral da União ajuda a fiscalizar como
 o dinheiro é gasto.

Fonte: — registrado em: 

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