quinta-feira, 7 de abril de 2011

‘Estou com medo’, afirma professora agredida após voltar a escola em SP

Professora foi alvo de violência por parte de aluno de 8 anos em Itapetininga.
Após uma semana de afastamento, ela retornou nesta quinta à atividade.

Agredida a socos e pontapés por um aluno de apenas 8 anos no último dia 29 de março, a professora Luciana Marcondes Ribeiro, de 33 anos, retornou nesta quinta-feira (7) à sala de aula, na EMEF Benedita Vieira de Almeida Madalena, em Itapetininga, a 172 km de São Paulo, depois de mais de uma semana de afastamento.

O retorno à atividade foi marcado pelo medo de um possível reencontro com o agressor, segundo ela. “Sim, estou com medo. Não tenho estrutura psicológica para reencontrá-lo depois do que eu passei”, afirmou. A agressão ocorreu depois que ela pediu para que o menino ficasse em silêncio. Nesta quinta-feira, o agressor não foi à escola, segundo ela.

Com 15 anos de experiência, Luciana começou a lecionar nesta escola no início deste ano, depois de um pedido de transferência. Antes de iniciar o ano letivo, ela não foi informada sobre o histórico de agressividade e mau comportamento do aluno. “Apenas recentemente é que me passaram que ele é hiperativo. Mas ele já tem um histórico de mau comportamento”, disse.
 
Durante o período de afastamento, ela disse que foi pressionada a aceitar a permanência do aluno em sua sala. “Tudo estava se voltando contra mim. A psicóloga me questionou sobre que tipo de profissional que eu era. Para eles (da Secretaria Municipal de Educação), não houve nada. Me disseram apenas para ter paciência. O afastamento foi uma espécie de cala a boca”, relatou.

Como o afastamento não foi prorrogado e não houve qualquer providência em relação ao aluno, Luciana decidiu registrar um boletim de ocorrência na delegacia da cidade nesta quarta-feira (6). Depois do registro na polícia, o caso foi parar na imprensa.

Como consequência, devido à repercussão, o aluno foi remanejado de sala de aula. “Eles remanejaram só após aparecer na imprensa”, disse a professora. A medida, segundo ela, não é suficiente, no entanto. “Se é o contrário, eu sou punida. Por isso que eu deixei ele bater até que alguém viesse me ajudar. E é por isso que acontecem os casos de violência física e verbal contra os professores; porque não acontece nada. Violência verbal acontece sempre”, afirmou.

E, como o aluno continuará frequentando a mesma escola, o medo a acompanhará. “Ele tem 8 anos mas é quase do meu tamanho. Eu temo uma reação dele quando o reencontrar na escola. Depois daquele dia posso esperar tudo”, disse.

Esta não é a primeira vez que o aluno tem problemas na escola. Vinte mães de crianças que estudam na mesma escola também registraram reclamações contra o menino no Conselho Tutelar por agressões físicas e verbais aos colegas de sala.
 
O que diz a secretaria de educação
Por meio de nota, a secretaria municipal de Educação informou que "em casos como o ocorrido segue alguns procedimentos básicos. 
Logo após o primeiro incidente com o aluno em questão, foi oferecido atendimento médico e psicológico ao menino. Todo esse processo vem sendo acompanhado pelos responsáveis".

De acordo com a nota, a professora foi agredida quando colocava fim a uma briga de alunos, segundo informações da Supervisão da Rede Municipal de Ensino. "Após o acontecimento, a Prefeitura de Itapetininga pediu o afastamento do aluno e da professora, na semana passada, por tempo determinado para averiguação dos fatos. A docente retornou hoje (dia 7 ), em sala de aula, já o aluno ainda está afastado por determinação médica. Vale ressaltar, que a tranferência do menino de sala já havia sido dada como certa, no momento da ocorrência, no caso, na semana passada e não agora", garantiu a secretaria.

A nota destaca ainda que não houve abaixo-assinado por parte da mães dos alunos, "conforme foi noticiado e nem que o mesmo tenha sido encaminhado ao Conselhor Tutelar, segundo informações do próprio órgão". "Em casos dessa natureza, a Prefeitura de Itapetininga sempre oferece todo apoio necessário ao aluno e seus familiares e o acompanhamento psicológico também ao professor, visando a melhora no ambiente escolar", completou.
 
Requerimento
De acordo com a reportagem da TV Tem em Itapetininga, a Associação dos Professores do Estado de São Paulo (Apeoesp) foi acionada e disse que vai enviar um requerimento ao Ministério Público pedindo apuração do caso, acompanhamento da criança e da família e proteção à professora agredida.

 

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