quarta-feira, 13 de julho de 2011


Boletim do Portal dos Direitos da Criança
Ano III - nº 37
Brasília, 07 de julho de 2011


Car@s,

Hoje dia 13 de julho o Estatuto da Criança e do Adolescente 

(ECA) completará 21 anos. 

Divisor de águas no tratamento 

de crianças e adolescentes, que passaram a ser vistos como 

sujeito de direitos, o ECA 

possibilitou a criação dos 

conselhos de direitos e tutelares, delegacias e promotorias especializadas e tantas 

outras esferas de controle 

social, promoção e defesa 

dos direitos de meninos e 

meninas.

Na lista dos avanços nessas 

duas décadas estão a 

implementação do Sistema 

Nacional de Atendimento 

Sócio-Educativo; do Plano 

Nacional de Convivência 

Familiar e Comunitária; do 

Plano Nacional de Adoção, 

que impôs novos olhares e metodologias para o 

acolhimento. O Programa de Erradicação do Trabalho 

Infantil foi um passo certo 

contra as mais bárbaras 

formas de trabalho impostas 

aos meninas e meninos. 

Também mostram bons 

resultados as campanhas 

envolvendo a sociedade 

contra a violência e a 

implantação do Disque 

Direitos Humanos (100).

Enquanto a legislação 

avançou, a implementação 

e o cumprimento total do 

ECA ainda é um sonho. 

O Brasil convive com graves 

violações de direitos nas 

unidades de internação socioeducativa. Falta 

orçamento para a 

formulação de políticas 

públicas direcionadas. 

É preciso garantir educação, 

direito à convivência familiar e comunitária, proteção contra exploração sexual e pedofilia. 

E, o protagonismo de crianças 

e adolescentes, está longe de 

ser o que foi previsto no Estatuto.

O ECA completa 21 anos no 

momento da finalização da 

Política Nacional dos Direitos Humanos de Crianças e 

Adolescentes, tema da 

9ª Conferência Nacional. 

Momento ideal para repensar 

de que forma podemos  fazer 

cumprir o tratamento prioritário 

à criança e ao adolescente, determinado pela Constituição Federal. Daqui a exato um 

ano, quando será realizada 

a 9ª Conferência Nacional, 

quantos dos desafios 

impostos hoje já terão sido 

vencidos e quais ainda serão desafiadores?

 

21 anos depois: realidade atrás das grades

Foto de Miriam Cardozo de Souza
Oferecer atenção diferenciada a crianças e adolescentes
quando envolvidas em atos infracionais está previsto
no ECA, mas ainda é uma parte da legislação que
está longe de ser cumprida. Levantamento Nacional
do Atendimento Socioeducativo ao Adolescente em
Conflito com a Lei, divulgado nesta semana, aponta
ocorrências de graves violações de direitos nas unidades
de atendimento, como ameaça à integridade física,
violência psicológica, maus-tratos e tortura, além de
negligência relacionada ao estado de saúde dos
adolescentes. Há ainda denúncias de jovens privados
de liberdade em locais inadequados, como delegacias,
presídios e cadeias. A estrutura das unidades continua
precária. Estados como Ceará, Paraíba e Pernambuco
apresentam superlotação. Apesar do ECA prever
atendimento socioeducativo em meio aberto como
medida prioritária ao adolescente envolvido no ato
infracional, a maioria dos municípios não oferecem
esse atendimento. Outro fator agravante é a
ausência de vagas em unidades de semiliberdade.

Local educativo

Ao comentar os dados do Levantamento,
a vice-presidente do CONANDA, Miriam dos Santos,
afirmou que o aumento no índice de adolescentes
cumprindo medida de restrição de liberdade se dá
por uma série de fatores que passam pela atuação
punitiva, coercitiva e menorista dos juízes, a
fragilidade no atendimento dos CREAS até a falta
de acompanhamento dos responsáveis por seus
adolescentes e da omissão de setores sociais como
a escola, que encontra dificuldades em acompanhar
a vivência atual da juventude. Para ela é preciso
construir ambientes mais adequados, com foco na
educação, para receber indivíduos em formação, como
são os adolescentes.

Direito à vida

Foto de Emmanuel Avetta - -
http://www.flickr.com/photos/felizberto
A quantidade de mortes de crianças indígenas por
desassistência subiu 513% em 2010 em relação
ao ano anterior. Os dados são do Cimi
(Conselho Indigenista Missionário). Segundo o
relatório anual "Violência contra os Povos Indígenas no
Brasil", 92 crianças menores de cinco anos
morreram de doenças facilmente tratáveis em
áreas indígenas no país, contra 15 em 2009.
Dois episódios puxam a cifra: as 19 mortes
ocorridas no vale do Javari (AM), sendo 5
por água contaminada durante uma estiagem e
14 por falta de assistência médica em casos de
malária e hepatite; e 61 mortes por doenças
infecciosas, respiratórias e desnutrição em uma
única terra indígena xavante no município de
Campinápolis (MT).

Direito à assistência

A presidente Dilma Rousseff sancionou nesta semana,
o Projeto de Lei que dispõe sobre a organização
da Assistência Social e insitui legalmente o Sistema
Único de Assistência Social (SUAS). O projeto é de
autoria do Executivo e foi aprovado pelo Congresso
Nacional no dia 8 de junho. Em discurso no evento
da sanção, Dilma Rousseff falou sobre a integração
entre o SUAS e o recém-lançado Brasil sem Miséria.
“O sistema será determinante para o êxito do Plano
Brasil Sem Miséria, pois sua estrutura será a base
da busca ativa das famílias para inclusão no Cadastro
Único de Programas Sociais e no encaminhamento
das ações do plano”, afirmou.

Direito à família

Segundo o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), mais
de 500 crianças foram adotadas pelo Cadastro
Nacional de Adoção (CNA) desde sua implementação
em 2008. O levantamento aponta que atualmente
existe 4.685 crianças cadastradas e 27.052
interessados em adotar. O número descrepante se
deve, principalmente, pelo perfil desejado pelos
adotantes, que continua sendo bem diferente do
disponível. Apenas 8.834 dos pretendentes
inscritos aceitam adotar uma criança negra,
enquanto 24.659 declararam aceitar
crianças brancas.

Direito à creche

O Supremo Tribunal Federal (STF) determinou que a
Prefeitura de São Paulo cumpra o dever de oferecer
creche e pré-escola a todas as crianças menores de
5 anos da capital. O ministro Celso de Mello lembrou
que a Educação infantil é um direito constitucional e
atribuiu ao "descaso com os direitos básicos" do
cidadão e à "incapacidade" de gerir os recursos
públicos o fato de as vagas em creches não terem
sido criadas em número suficiente.

Direito ao reconhecimento

A Secretaria de Estado de Saúde e o Tribunal de Justiça
de Minas Gerais assinaram um Acordo de Cooperação
Técnica e Financeira para custear e apoiar o programa
de realização de exames de DNA em escolas. A intenção
é garantir às crianças matriculadas em escolas públicas
o direito de conhecerem a identidade de seus pais.
Somente em Belo Horizonte, estima-se que 43.700
alunos não tenham o nome do pai em seus documentos.

Direito à privacidade

Obrigada a aumentar o controle de crimes praticados na
rede social Orkut, a empresa Google Brasil tem 120 dias
para evitar que os usuários criem ou mantenham perfis,
comunidades ou páginas dedicadas à pornografia
infantil. Segundo indicadores da Central Nacional de
Denúncias, da SaferNet Brasil, somente no primeiro
trimestre de 2011, do total de 8852 denúncias recebidas,
3399 são relacionadas à pornografia infantil, 1378 destas
provenientes do Orkut. Com a decisão, a empresa será
obrigada a criar "sistemas aptos a identificar existência
de perfis, comunidades ou páginas dedicados à
pedofilia" e à apologia ao crime. O descumprimento
da determinação judicial corresponde a uma multa
diária no valor de R$ 50 mil.

Expressão artística X trabalho infantil

TRABALHO INFANTIL ARTISTICO: DO DESLUMBRAMENTO A ILEGALIDADE, de Sandra Regina Cavalcante
Diferenciar formas de manifestação artística e trabalho 
infantil. Essa foi a defesa apresentada pela
advogada trabalhista e mestranda da USP,
Sandra Regina Cavalcante, ao Fórum Nacional de
Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil (FNPETI).
Para a advogada, é importante perceber que a
exploração por parte de adultos da expressão
artística de uma criança configura trabalho infantil,
assim como trabalhos perigosos e insalubres,
mas deixar claro que há dinâmicas diferenciadas
entre as modalidades de trabalho, o que exige
maneiras diversas de enfrentamento do problema.

Acessibilidade no Portal

Acessibilidade
Portal Direitos da Criança e do Adolescente recebeu,
da Organização Acessibilidade Brasil, o Selo de
Aprovação de Site Acessível. O selo só é dado aos
órgãos e instituições que possuem página na web
com estrutura e conteúdo que permitem o acesso
fácil de pessoas portadoras de necessidades especiais.
Para obter o selo, os sites devem ser criados levando-se
em conta algumas situações e características de usuários,
tais como dificuldade para ler, incapacidade para usar
teclado ou mouse e ligação muito lenta para a internet.
A análise é feita usando as regras de acessibilidade do
WCAG e E-GOV. O Portal permitem transformar a leitura
do conteúdo do site em voz possibilitando o acesso aos
deficientes auditivos

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