VEJA COMO EXPLICAR ÀS CRIANÇAS DEZ QUESTÕES COMPLICADAS, COMO PEDOFILIA, MORTE E DROGAS
Nem sempre a pergunta da criança é cabeluda, mas deixa os pais confusos sobre o que responder.
Há temas complicados de abordar e até as escolas, muitas vezes, se equivocam ao tentar esclarecer dúvidas.
Papos difíceis devem começar em casa. Às vezes, de acordo com a curiosidade da criança.
Algumas situações exigem prevenção. Outras vezes é melhor esperar que a criança pergunte.
“Época certa não há. As muito pequenas dificilmente entenderão determinados assuntos. Se surgir
a curiosidade, explique de acordo com o entendimento dela –que varia conforme a idade”, diz a psicóloga
e psicopedagoga Ana Cássia Maturano.
O mais importante é não fazer um discurso moralista, longo ou que desperte o preconceito nas crianças.
Pais podem não perceber o quanto prejudicam os filhos ao transmitir julgamentos preconceituosos.
E as respostas não devem ultrapassar o que as crianças querem saber. “A conversa deve ser clara,
verdadeira e adaptada ao vocabulário infantil. E se os pais forem pegos de surpresa ou não souberem
a resposta, podem dizer. Afinal, os adultos estão em constante aprendizado, também”, diz a psicóloga
infantil Daniella Freixo de Faria.
Fazer rodeios, protelar ou ficar inseguro só prejudica. “Isso deixa o filho ainda mais curioso e sem
informações úteis para que se desenvolvam satisfatoriamente", de acordo com a psicóloga clínica
Patrícia Spada, pesquisadora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
PEDOFILIA
Em conversas familiares, fale para as crianças não conversarem com estranhos e não deixarem que as
toquem. “Embora a maioria dos aliciadores sejam conhecidos, devemos dizer para os filhos que eles
podem contar tudo para os pais, sempre, mesmo que alguém diga o contrário”, afirma a psicóloga Ana
Cássia Maturano. Para adolescentes, a conversa pode ser mais aberta e a internet mais vigiada.
“Nesse caso, não espere o assunto surgir. Eles já saem sozinhos e nem todos que conhecem são
conhecidos pelos pais. Mas a conversa deve ser tranquila e orientadora”, diz a psicóloga. “Uma criança
que já falou com os pais sobre o assunto consegue identificar pedófilos e tem mais chances de se defender
do que aquela que nunca teve espaço para o tema”, diz a psicóloga Patrícia Spada. A lição mais importante
é: crianças que têm segurança de que podem contar tudo aos pais, sem temer uma represália, estarão
muito mais seguras.
VIOLÊNCIA E ROUBO
Apesar de ser um assunto desagradável, é importante que a criança sabia que a violência existe.
Para entrar no assunto, use as notícias que passam na televisão, mas, claro, não escolha as muito
pesadas e não aterrorize a criança, como se ela fosse a próxima vítima. Use exemplos do noticiário
para ensinar a criança a evitar que aquelas situações aconteçam, como não conversar com estranhos,
não aceitar caronas em hipótese alguma, não fornecer dados pessoais e não reagir a um assalto.
"Vivemos em uma época de extrema violência e é necessário estar a par da realidade para se proteger,
na medida do possível”, diz a psicóloga Patrícia Spada.
DROGAS
O assunto está em todos os lugares: na TV, nas revistas, em rodas de amigos. Aproveite a curiosidade
e as notícias para tocar no assunto e mostrar os malefícios do consumo de drogas. “Sem usar de um
tom moral e repressor. Assim, quando a droga chegar mais perto dos seus filhos, eles terão a segurança
de contar aos pais”, diz a psicóloga Ana Cássia Maturano. Muitas vezes, é preciso adaptar a linguagem.
“Crianças adoram colocar objetos na boca. Neste momento, explique que há objetos e substâncias que
não se deve experimentar, pois fazem muito mal. Cite exemplos concretos da rotina deles, como remédios,
produtos de limpeza, comprimidos que parecem balinhas, bebidas alcoólicas”, diz a psicóloga Patrícia Spada.
SEXO
Responda apenas o que as crianças querem saber para matar a curiosidade sobre sexo, sem dar detalhes
que não foram perguntados. E não inicie o assunto, para não correr o risco de erotizar a criança prematuramente.
“Alguns, na intenção de dar uma explicação corretíssima, exageram na quantidade de informações.
Há livros bem interessantes para as crianças. Mas nada de se antecipar. Elas devem dar o primeiro passo”,
diz a psicóloga Ana Cássia Maturano. Ao usar o artifício dos livros, leia antes de dar às crianças.
Nem tudo é adequado. Discursos moralistas também devem ser evitados. Sexo não é algo errado ou sujo.
“De qualquer modo, é importante que os pais estejam disponíveis para discutir em casa. Um ambiente
acolhedor gera autoconfiança e é um fator importante na prevenção de problemas", explica Patrícia Spada,
psicóloga.
DEFICIÊNCIA FÍSICA
Para explicar que existem adultos e crianças com deficiências físicas ou mentais, o ideal é esperar a
criança perguntar. Quando o assunto surgir, diga que é uma condição física ou psíquica da pessoa,
mas que isso não a faz diferente das outras. Ensine, também, que essas pessoas, muitas vezes,
precisam de colaboração, como ter a preferência em uma fila, por exemplo. "Nas conversas, é preciso
ter consciência de suas crenças a respeito de tudo, pois são elas que serão transmitidas. Cuide dos seus
pensamentos, pois, na hora de conversar, será do ponto de vista do adulto que a criança receberá as
primeiras informações sobre temas tão importantes”, segundo Daniella Freixo de Faria, psicóloga.
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